Temos refletido sobre a aparente contradição de um mundo que até parece apreciar Jesus, mas que rejeita profundamente sua noiva - a Igreja. Vimos algumas razões para a atual rejeição da Igreja. Pensemos agora em como a noiva pode se tornar a adorável criatura que Deus idealizou e que conquistaria corações.
1) DUPLICIDADE
Se desejamos que o mundo veja refletido na igreja os ensinos do Mestre, temos que passar a levar esses ensinos a sério. A conversão tem se tornado algo banal. As pessoas dizem que se converteram quando na verdade aceitaram participar de certo numero de atividades no intuito de receberem bençãos e beneficios correspondentes. Afinal, nosso mundo vive da oferta e procura. Vive do pragmatismo que pensa no custo-benefício. "Serei desta igreja enquanto for abençoado". Isso não é conversão bíblica, é clientelismo.
Crentes que se converteram de verdade são aqueles que viram em Jesus o salvador e o Senhor. Que entenderam que sua forma de vida estava toda errada e que querem agora em Cristo uma nova vida, marcada por seus ensinos e mandamentos. Cristãos, na plena acepção da palavra, são aqueles que vivem de acordo com o que Jesus ensinou. Isso é viver na contramão da filosofia barata de novelas e filmes, na contramão da psicologia moderna utilitária e egocêntrica. É viver pelo que Jesus mandou, pelo que ELE disse ser o certo e o errado.
Quando o mundo observar cristãos que são discipulos verdadeiros então sentirá o cheiro suave do qual fala a escritura. Muitos poderão até não entender, poderão até não aceitar, mas não poderão dizer que a noiva não tem nada a ver com o noivo.
2) INSTITUCIONALIZAÇÃO
A alergia do homem pós-moderno às instituições não deveria ser problema para a Igreja de Jesus, porque Ele não a idealizou como instituição. A Igreja, antes de tudo, deveria ser uma familia, um grupo de irmãos com um interesse comum na vida de Cristo e em seus ensinos. Jesus deixou discipulos e mandou fazer discipulos. Homens e mulheres que, no cotidiano, buscariam viver de acordo com suas instruções e se reuniriam para recordá-las, apoiarem-se mutuamente e louvá-lo por suas bênçãos.
Quando o homem pós-moderno, sedento de paz, de intimidade, de amor prático e aceitação se defronta com um grupo que vive assim, descobre a boa nova, a salvação, JESUS. Uma das maneiras de termos isso é valorizando os pequenos grupos de comunhão. Podemos chamá-los de grupos familiares, igrejas nos lares ou qualquer outro nome técnico. O importante é vivermos essa comunhão que se perde na instituição, essa simplicidade que se afoga nas organizações, esse apoio que se esvai nas estruturas pesadas. Quando isso acontecer, a noiva aparecerá em sua beleza.
3) MARGINALIDADE
A dicotomia sagrado-secular é anti-bíblica e nos foi imposta de fora. Está na hora dos crentes a rejeitarem primeiro em suas vidas e depois em seus trabalhos e atividades. O Cristianismo não é uma fé subjetiva e irrealista que serve apenas a um bando de desorientados sem raciocinio. É o único caminho para o homem com as respostas às questões mais importantes da vida e a razão de ser da humanidade. Nossa fé tem sido abraçada e vivida pelas mentes mais brilhantes da história e não é um escape fácil para quem não quer pensar.
Precisamos levar nossa fé e nossa ética conosco para o trabalho, para a escola, no lazer. Precisamos dessa vida de fé e prática nas cidades, nos campos, nas universidades, nas fábricas, nas escolas, nos parlamentos, hospitais, tribunais, empresas e parques de diversão. Precisamos mostrar ao mundo que nossa fé é relevante exatamente vivendo essa fé a cada instante e em cada circunstância. E quando assim fizermos, iremos incomodar, mas a noiva resplandecerá como deveria e mostrará o brilho do noivo.
4) SEPARATISMO
Somente quando começarmos a viver vidas íntegras (e não marcadas pela dicotomia sagrado-secular) começaremos a ver o mundo com outros olhos. Perceberemos o quanto nosso testemunho é necessário e pode ser relevante. Mas temos que parar de ver aqueles que pensam de modo diferente como inimigos. A Igreja de Jesus tem um adversário, mas não são as pessoas por quem Jesus morreu e a quem amou e nos mandou amar. Precisamos parar de olhar para o mundo com raiva e desagrado. Se vivermos como Jesus deseja olharemos o mundo como Ele olhava, com olhos de compaixão, vendo ovelhas desagarradas que precisam de pastor.
Há muito que podemos ver de belo, de verdadeiro, de digno, de valoroso em qualquer lugar que procuremos. A Igreja não tem o monopólio da ação de Deus e não pode negar a atuação do Senhor e seus reflexos em tantos lugares. Temos que desenvolver a capacidade de ver a mão de Deus mesmo nos lugares menos prováveis, porque isso nos devolve um senso de humildade que parece que perdemos. Saber que a verdade é de Deus onde quer que a vejamos nos ajuda a ser mais cuidadosos nas avaliações. A Igreja que levanta a cabeça para isso passa a ser mais compreensiva, menos altiva e mais compassiva, menos dona da verdade e mais compartilhadora desta. Essa noiva conquistará mais corações certamente.
5) DIVISÃO INTERNA
O Senhor nos disse que a união seria nossa marca registrada. Não admira que o inimigo da Igreja tenha trabalhando tanto para destruir essa união. Seu objetivo foi sendo alcançado nas inúmeras denominações e igrejas que surgiram e ainda surgem. Cada novo grupo atesta nossa incapacidade de perdoar, entender, buscar e reconciliar.
Por outro lado, sempre que a Igreja se uniu, o Espirito agiu. Sempre que as igrejas de vários quadrantes deixaram a vaidade denominacional de lado e se juntaram para orar e clamar, o Senhor abençoou tremendamente. Isso se repetiu tantas vezes na história que já deveriamos ter aprendido a lição. Nossa união foi desejada e pedida por Jesus. Quando aprendermos a valorizá-la como ELE a valorizava então a noiva aparecerá radiante e atraente e não em confusão.
Ainda há tempo. Talvez muito pouco, mas ainda há. O desbarato da Igreja vem crescendo. Provavelmente seremos a minoria se buscarmos aquilo que se falou acima. Mas seremos a noiva em seu esplendor. Então o mundo verá a glória do noivo refletida em nós e cumpriremos a nossa parte na missão redentora de Deus à humanidade.