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sexta-feira, março 19, 2010

"Triste realidade" ou "Sobre a taxa de desemprego..."


Tenho ficado muito triste nesses últimos dias com alguns acontecimentos que tenho participado e visto.
O que acontece de triste é que recebi um email de um amigo relatando sua viagem ao Haiti. A Jocum tem mandado equipes de ajuda emergencial praquele país. Lá eles ajudam com diversas coisas, necessidades reais naquele país pós terremoto. Engana-se quem pensa que só pelo terremoto que mandamos equipes pra lá. Já existiam jocumeiros lá antes mesmo do terremoto..., na verdade as equipe vão como apoio aos que já estão lá, já que somos uma grande família espalhada pelo mundo.
As coisas que esse grande amigo relata não são fáceis de digerir. Imagina só um país que mesmo antes do grande terremoto vivia em ruínas!! O que um terremoto pode fazer ali é piorar ainda mais..., mas os haitianos, de certa maneira enfrentam melhor que nós a situação, já que a destruição interna só se mostrou agora fisicamente, de maneira externa. E não estou sendo simplista nem diminuindo o sofrimento deles..., não!! Na verdade estou é mostrando que é muito pior do que pensamos ou imaginamos, já que nossa mente está limitada ao trauma das fotos e imagens televisivas e jornalísticas..., limitada à destruição pós-terremoto. São poucos os que tinham esse mesmo sentimento em relação ao Haiti antes do terremoto!
Também vejo a realidade aqui na Europa nesse tempo que eu e minha esposa temos servido no velho continente. O pouco de evangelho que temos aqui, que ainda sobrou e resiste ao tempo, é, em sua grande maioria, composto de pessoas de mais idade, que fielmente não largaram sua fé, ou então de latinos e imigrantes que aqui estão pra "ganhar a vida".
Igrejas-instituição pequenas são as referências por aqui, as maiores da região. Quando se entra, vê-se muitos estrangeiros e uns poucos, poucos mesmo, nativos. A palavra pregada já não gera mais ânimo, já não desafia mais..., se faz o máximo pra não perder adeptos. Muitas vezes vemos sinceridade, já que a realidade é muito diferente da visão que temos aí no Brasil, por exemplo. Nessa sinceridade já não há mais tanta força nos pastores, líderes dessa gente aqui. Eles já não sabem o que fazer.
Aí aparecem os estrangeiros e "injetam" um novo ânimo. E aí a coisa começa a fluir, pessoas começam a vir, as igrejas aumentam um pouco mas..., de estrangeiros, imigrantes. Nada contra, eles também precisam. Mas um comunidade assim é variável demais. Muito estão só de passagem, fazendo seu "pé-de-meia"..., não tem tanto compromisso com a comunidade nem mesmo com a propagação do evangelho nessas terras. Aí vem o desânimo de novo!!
Outro fator é que as poucas igrejas-instituições, portadoras das boas-novas, tem trazido muito mais usos e costumes, regras, legalismo, religiosidade do que relacionamento com a verdade, compromisso com Deus. É muito triste de ver..., sério..., só estando frente a frente com isso é que dá pra sentir.
Estou aqui generalizando e, claro, excluindo a exceção da regra..., existem sim, os poucos que estão firmes, fortes, animados, crescentes e fazendo a diferença..., embora em número ainda menor que o total de evangélicos. Só pra se ter uma noção na Espanha menos de 1 % da população são evangélicos, quase o mesmo número de testemunhas de jeová..., agora, imagina uma porcentagem mínima desse 1% realmente fazendo a diferença por aqui..., pois é!
Ontem, antes de dormir, vimos, eu e minha esposa, o filme Flordelis. Fala dessa mulher, nome do filme, que resgatava meninos de rua, jovens e adolescentes em situação de risco nas favelas cariocas, prostitutas, drogados, traficantes, assaltantes, filhos desses..., enfrentando tudo e todos pra fazer isso porque sentia que Deus a capacitava pra fazer isso. Chegaram a ter, ela e o marido, mais de 40 "filhos" encontrados pelas ruas, morando com eles..., numa casinha na favela!! A polícia veio atrás dela pra tirar os seus "filhos" e levá-los para as antigas FEBEM e FUNABEM, juízes expediam mandato de prisão, jornais divulgavam notícias péssimas sobre ela, etc..., até que ela fugiu pra rua com todos eles..., TODOS!! Dormiram na rua por um tempo..., TODOS!! Até que as coisas realmente começaram a mudar e Deus trouxe pessoas pra perto dela que se sensibilzaram, viram a realidade por detrás das notícias e os ajudaram, legalizando toda a situação, arrumando uma casa maior pra eles, fazendo a divulgação do filme pra isso..., atores da Globo participaram gratuitamente do filme..., e olha que são muitos atores famosos! E hoje alguns de seus "filhos" são profissionais de sucesso, tem família, saúde..., aqueles mesmos que estavam jogados no lixo, que eram nada, que estavam prontos a ser mortos pelo tráfico, que roubavam e matavam sem dó nem piedade..., Jesus pode realmente mudar realidades!!
E aí, me deparo com minha vida..., e a pergunta é: o que estou fazendo????
E aí, me deparo com o cristianismo no Brasil..., e a pergunta é: o que estão fazendo????
E aí, me deparo com as necessidades, tão reais e urgentes mundo afora..., e a pergunta é: o que estamos fazendo?????
Onde estamos, gente??? A luz que veio pra brilhar nas trevas!!? O sal que veio pra salgar!!? Aqueles que tem o AMOR, o próprio Deus, criador de tudo aquilo que hoje vemos caído, corrompido, deturpado..., e que tem a capacitação prometida pelo Espírito, que habita dentro de nós, pra mudar essas realidades mostrando que o Reino dos céus JÁ É chegado!!?
Onde estamos???
Não há nada, que nem mesmo chegue perto do razoável, de desculpa, de "estorinha" que contamos e que vai me convencer sobre não estarmos atuando nessas situações. Não há melhoria nos nossos prédios, bancos novos, ar-condicionado, melhoria no sistema de som, construções, pagamento dos "sacerdotes", etc..., que pode sequer chegar perto de me convencer de ser melhor do que investir na transformação dessas situações! Nada é mais urgente!! NADA!!!
"Ah, mas minha igreja está sem pintura, sem reboque, precisamos melhorar a iluminação, blá, blá, blá"!!! Conversei há dois dias com um rapaz de São Tomé e Príncipe, ali na África, que dizia que sua comunidade se reunia num local que só tinha as paredes laterais..., não tinha nem teto..., e eles estavam felizes da vida, fazendo diferença ali!!
E aí recebi essa foto pelo informativo que recebo do Portas Abertas..., veja que comunidade atraente!! Tem teto??? Cadê a grande parafernália de áudio e vídeo?? Onde está o ar-condicionado??? Cadê as portas automáticas de correr? Onde é que estão os banheiros climatizados com som ambiente?? E as cadeiras, ou seria melhor dizer poltronas, reclináveis, espumas deliciosas!?????
Mas, me parece mesmo que Deus está mais interessado em aumentar nossa já construída igreja, pra abrigar mais 100 pessoas, sendo que nem ainda conseguimos encher o aquário que temos..., é bem melhor assim do que enviar sustento alimentar para os haitianos, ou investir no discipulado da igreja européia, ou mesmo na melhoria de vida social e financeira dos países mais pobres..., é Ele é realmente desse jeito!! Mentira!!!!! Não..., Deus não é assim!!! Não sei se servimos ao mesmo Deus, mas o que eu sirvo não é assim!! 
Vamos acordar minha gente!!!! Ainda é tempo, embora ele voe rápido!! Temos muitos recursos, qualidade, habilidades..., temos médicos, advogados, engenheiros civis, pedreiros, cozinheiras, artistas, esportistas, políticos, etc, o suficiente em nossas poltronas confortáveis pra transformar essas realidades..., e ainda tem gente que diz que a taxa de desemprego está muito grande..., olha pro mundo..., olha só quanto trabalho temos pra ser feito!!! Empenhe-se em um destes..., se apaixone pelo Amor, e aja como Ele!!


"(Jesus) ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor" - Mateus 9:36

terça-feira, março 16, 2010

A benção de ser um derrotado!!!

texto retirado do blog Ovelha Magra










Ninguém gosta de perder... A perda sempre gera momentos de dor, angústia, frustração, insegurança em relação ao futuro e quase nunca estamos preparados emocionalmente para perder, seja pela surpresa, pelo inesperado que nos atropela de repente ou por precisar abrir mão de algo importante. Numa sociedade viciada em ganhar, onde, desde muito pequenos, somos adestrados e incentivados a agir sempre competitivamente em todas as coisas, aprendemos que somente os fracos perdem.

Em tempos como os que vivemos, a derrota parece ser o não sucesso, o não se sobressair tanto no mercado de trabalho como na conquista de uma pessoa desejada, não alcançar algo que se quer ou perder para alguém mais forte, aparentemente melhor preparado que a gente.

Não é tão incomum, e aliás está se tornando uma doença crônica que vai se alastrando incontrolavelmente, ouvir até mesmo os ambientes religiosos reproduzindo o velho discurso a favor da "vitória" a qualquer custo. Mesmo que para isto seja preciso abrir mão do bom senso, do Evangelho puro e simples ensinado por Jesus, não como um meio de ganhar tudo o que se quer ou se deseja, mas, mesmo na aparente derrota, encontrar o caminho da consciência pacificada de que todas as coisas cooperam sempre para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo um propósito infinitamente maior do que perder ou ganhar. Até mesmo a perda ou o não ser atendido na petição que fazemos se torna motivo de glória e livramento incontáveis vezes. Na perspectiva do Reino nem sempre os "vitoriosos", os "fortes" ou aqueles que chegam em "primeiro lugar" cheios de "honras" herdarão a terra.

Tenho visto uma geração inteira dentro dos templos/mercados pagando, e pagando muito caro, alguns dão o que não podem para tentar se tornar "vitoriosos" segundo as suas próprias perspectivas viciadas e distorcidas. Dão ofertas/oferendas generosas, fazem pactos, propósitos, compram o favor das entidades ou das forças e elementos da natureza afim de se tornarem imbatíveis. Querem fechar o corpo, ganhar força e poderes sobrenaturais para jamais perderem. Como se fosse possível, tentam até mesmo comprar o "in-comprável", acham que Deus é um negociador que distribui bens, fortuna e sucesso em troca de moedas, sacrifício ou serviço abnegado. Eles até ganham alguma coisa, conquistam lugares, pessoas, situações e demandas, mas acabam perdendo o essencial da vida. "Ganham" sempre, mas ganham sem paz, sem alegria, sem sabor e sem verdade.

Precisamos entender que nossa limitada e frágil humanidade, nossa derrota diante das vitórias que provocam mais mal do que bem, na verdade, é uma bênção. É exatamente a capacidade de perder que nos faz crescer para a vida. A perda não é sinal de fraqueza, mas sim de força pois é neste momento que a consciência de que não somos indestrutíveis cresce ou que nossa aparente força nada é, que descobrimos o dom do quebrantamento. Por incrível que pareça, o poder de Deus em nossas vidas se aperfeiçoa mesmo é na fraqueza, no reconhecimento de que o controle de todas as coisas é somente Dele. Perder ou ganhar, neste sentido tanto faz, é só mais um aprendizado.

A arrogância dos "vencedores" e dos "poderosos" é, de fato, a anti-vitória. Quem ganha sempre forçado ou comprado, está acumulando para si próprio uma perda irrecuperável, a destruição dos valores fundamentais da vida, da segurança de passar pelo vale da sombra da morte sem temer mal algum porque a presença Daquele que habita o coração dos quebrantados e humildes o acompanha.

Não! Eu não quero ganhar sempre, decretado, comprado ou profetizado... Ganhando ou perdendo, vou seguir minha vida habitando com Aquele que me faz mais do que vencedor até mesmo nas derrotas que me sobrevém, sendo seguido pela bondade e pela misericórdia todos os dias da minha vida.

Eu não sei se amanhã eu vou ganhar ou perder, a única certeza que está viva e pulsante no meu coração, todos os dias, é que eu sei em Quem tenho crido e sei também que Ele é fiel e poderoso para me guardar até mesmo no dia da derrota, no dia mal.


O Deus que chamou para junto de si os fracos e sobrecarregados te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

quinta-feira, março 11, 2010

Sobre Mateus 9:1-13


Quando, no versículo 13, Jesus diz pra que os fariseus aprendam o que significa: “Desejo misericórdia, não sacrifício”, creio que até mesmo eu tenha que aprender isso hoje.  Creio que muitas pessoas tem que aprender isso.
Comer com pecadores é o mesmo que, por exemplo, na cultura européia irmos nos bares pra conversar e “aculturar” com as pessoas. Ou pode ser ter amigos não crentes, que não são da nossa religião, e que mesmo assim podemos conversar, comer juntos, caminhar juntos.
Depois da conversão uma das coisas que facilmente perdemos é contato com pessoas não crentes..., nossas antigas amizades são deixadas de lado para as novas e “santas” amizades. Esse fato faz com que fiquemos separados das oportunidades de aprender o que significa: “Desejo misericórdia, não sacrifício”.
Quando estamos imersos em nossa religiosidade o mais fácil é temer tanto o Deus da nossa religião que nem conseguimos ver quando Ele está atuando..., temor esse que tem mais a ver com um medo, uma reverência extremada. Não cremos quando Ele usa sua autoridade pra perdoar pecados..., a não ser que algo que eu já conheça e que faça sentido pra minha religião aconteça, como o milagre, a visão, etc... Na verdade aí, a crença está num Deus que está sob o domínio da minha mente, daquilo que me é conhecido, onde EU possa ter a segurança de saber quem Ele é e qual a sua atuação..., já não há mais o movimento do mistério da fé, do desconhecido de Deus. O fato de eu conhecer ou não certas atuações do Pai não o fazem menos ou mais Deus.
O mais legal, porém, do que aprendi foi que mais uma vez Jesus dá uma “paulada” nos religiosos, e isso serve pra mim e pra nós hoje. O que ele está ensinando em relação ao desejo de misericórdia e não de sacrifícios é que os velhos rituais religiosos já não tinham sentido com a presença de Jesus. Ele queria mais do que religiosidade, ele queria vida! Vida baseada na vida dEle, cheia de graça e misericórdia. Estava nos mostrando as bases da Nova Aliança.
E quando Ele diz que não veio chamar justos, me parece uma bela e dura palavra pra nossas igrejas e religiões. Talvez hoje ele dissesse que não veio para as igrejas e religiões, pois esses se julgam sãos e salvos. Ele veio é para os doentes e pecadores..., e é com esses que também devo e devemos andar. Muito provavelmente as religiões e igrejas nem entrarão nessa caminhada. Porque Ele veio nos ensinar, com sua vida, o que realmente significa misericórdia e não sacrifícios.